AS PEDRAS DO CAMINHO E O CAMINHO DAS PEDRAS
Lá no começo de tudo foi lançada a pedra angular da Terra. A imaginação do Criador esculpiu montanhas, morros, cachoeiras, grutas, desfiladeiros, cuestas, vales, picos, as mais diversas e incríveis formações rochosas enfim.
Descobertas e exploradas pelo homem, as pedras ganharam importância na vida cotidiana, ajudando a construir casas, castelos, fortes, poços, faróis, pirâmides, templos, pontes, túneis, estádios, aeroportos, estátuas e tantos outros tipos de projetos arquitetônicos.
As maiores formas naturais viraram paisagem. O Rio de Janeiro teve o privilégio de receber dezenas de notáveis exemplares entre morros, picos e pedras. Alguns foram seduzidos por poetas para se tornarem temas e personagens de canções.
Pergunta: Quais são os destacados nas canções de Tom Jobim (1960), Johnny Alf (1964) e de Marina Lima e Antonio Cícero (1987)?
Tom Jobim citou um importante morro que abriga uma estátua famosa em “Corcovado” “Um cantinho, um violão. Este amor, uma canção. Pra fazer feliz a quem se ama. Muita calma pra pensar. E ter tempo pra sonhar. Da janela vê-se o Corcovado. O Redentor, que lindo”.
No álbum Diagonal, numa composição de Armando Cavalcantie e Victor Freire, o cantor e arranjador Johnny Alf valorizou outro grande morro e atração turística carioca em “Bondinho do Pão de Açúcar”: “Vamos, meu amor. O bondinho vai subir. É a nossa hora de sonhar. Hoje o Pão de Açúcar está mais. Mais acolhedor. Tomem seus lugares no bondinho. Faz favor”.
Marina Lima e Antonio Cícero falaram de dois morros do Rio, na canção “Virgem”: ”As coisas não precisam de você. Quem disse que eu. Tinha que precisar. As luzes brilham no Vidigal. E não precisam de você. Os Dois Irmãos. Também não precisam”.
Mas, em certas ocasiões, ao quebrar montes e montanhas para fazer construções, o homem descobriu pedras diferentes. Certos tipos mais robustos, viraram pedras ornamentais compondo pias, mesas, recobrindo pisos e paredes. Outras, de origem mineral, vegetal ou marinha, também raras e de extrema dureza e beleza, foram separadas e chamadas de pedras preciosas e semipreciosas, transformando-se em componentes de objetos de adorno. Por fim, minerais também escassos como o ouro, a prata, a platina e o cobre receberam a nobre função de serem usados como peças e valores monetários.
As pedras mais nobres, também mais cobiçadas, entraram até para adjetivar partes do corpo humano no meio das letras das canções.
Pergunta. Qual é a pedra usada por Djavan em sua música Outono?
“Um olhar, uma luz, ou um par de pérolas. Mesmo sendo azuis, sou teu e te devo. Por essa riqueza.
Pergunta. E qual é a pedra preciosa que aparece já de cara no nome da música que Chico Buarque fez em homenagem à Escola de Samba Mangueira?
“Me sinto pisando. Um chão de esmeraldas. Quando levo meu coração. À Mangueira
Sob uma chuva de rosas. “
Pergunta. Qual é a pedra semipreciosa que João Bosco e Aldir Blanc destacaram na canção “Bijouterias” que virou trilha da novela O Astro, da TV Globo em 1977?
“Em Setembro, se Vênus me ajudar. Virá alguém. Eu sou de Virgem. E só de imaginar
Me dá vertigem. Minha pedra é ametista. Minha cor, o amarelo. Mas sou sincero
Necessito ir urgente ao dentista.”
Pergunta. E o que pode acontecer, quando os poetas vão além e comparam a própria canção com uma pedra preciosa?
Foi o que fizeram Lô Borges e Ronaldo Bastos em “Uma canção”, de 1981: “Uma canção tem cheiro e pode transportar. Uma fração de um tempo qualquer. Que a gente viveu num outro lugar. É diamante para lapidar. Na pedra bruta segue o veio da beleza. Quando faz soar cristalina revelação…”
OUÇA O PODCAST DESTE TEXTO COM AS MÚSICAS. CLIQUE AQUI.
Compartilhe: