NAS VIBES DO AMANHÃ
Aquilo que é destinado ou predestinado, Deus é quem sabe.
Nós vivemos lembrando do ontem, tentando enxergar o presente e imaginando como será o amanhã.
As letras das canções nos ajudam a alimentar a esperança e a fé de que amanhã teremos solução para os nossos problemas, os sonhos poderão acontecer e que as realizações serão bem sucedidas.
Pode ser um amanhã sem saber pra onde. Apostar em algo? Num jogo? Tirar a sorte com uma cigana? Como na canção “O amanhã”, (Didi, João Sérgio), com Simone, 1983, CD Delírios, Delícias. “A cigana leu o meu destino. Eu sonhei. Bola de cristal. Jogo de búzios, cartomante. Eu sempre perguntei. O que será o amanhã? Como vai ser o meu destino?”
Uma afirmação ou suposição de que o amanhã vai trazer mudanças é um grande desafio em certas circunstâncias políticas. Ocorre em “Apesar de você” (Chico Buarque), do álbum de 1970, com Chico buarque e MPB4. “Amanhã vai ser outro dia. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. Eu pergunto a você onde vai se esconder da enorme euforia. Como vai proibir. quando o galo insistir em cantar. Água nova brotando. E a gente se amando sem parar.”
É o mesmo que acontece em “Pesadelo” (Maurício Tapajós, Paulo César Pinheiro), com MPB4, presente no clássico LP Cicatrizes, de 1972. “Quando o muro separa, uma ponte une. Se a vingança encara, o remorso pune…E se a força é tua, ela um dia é nossa. Olha o muro, olha a ponte, olhe o dia de ontem chegando. Que medo você tem de nós, olha aí. Você corta um verso, eu escrevo outro…”
Mas, pode ser um amanhã já mudado, que precisa durar por alguns dias pra mostrar resiliência. Superar as adversidades e seguir em frente. Como está em “Tudo novo de novo” (Paulinho Moska), CD de 2003. “Vamos começar colocando um ponto final. Pelo menos já é um sinal. De que tudo na vida tem fim. Vamos acordar. Hoje tem um sol diferente no céu. Gargalhando no seu carrossel. Gritando nada é tão triste assim. É tudo novo de novo. Vamos nos jogar onde já caímos. Tudo novo de novo. Vamos mergulhar do alto onde subimos”.
Um amanhã otimista, como promete “Amanhã’ (Guilherme Arantes), com Guilherme Arantes, 1983, álbum Ronda Noturna. “Amanhã será um lindo dia. Da mais louca alegria. Que se possa imaginar. Amanhã, redobrada a força. Pra cima que não cessa. Há de vingar”.
Um amanhã livre, com a certeza de que o passado não mais interessa. Assim explítico em “Como uma onda” (Lulu Santos), 1983, álbum O Último Romântico. “Nada do que foi será. De novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa, tudo sempre passará. A vida vem em ondas. Como um mar. Num indo e vindo infinito”.
Situação que também é retratada em “Nada será como antes” (Milton Nascimento, Ronaldo Bastos), com Elis Regina, no álbum Nada será como antes – Elis Regina Interpreta Milton Nascimento, de 1984. “ Eu já estou com o pé nessa estrada. Qualquer dia a gente se vê. Sei que nada será como antes, amanhã. Que notícias me dão dos amigos? Que notícias me dão de você? Alvoroço em meu coração. Amanhã ou depois de amanhã. Resistindo na boca da noite um gosto de Sol”.
Um amanhã com sabor de ironia, com jeito de até não sei quando, como em “Até amanhã” (João de Barros, Noel Rosa), com Ivan Lins e Emílio Santiago, álbum CD Viva Noel, Tributo a Noel Rosa, 1997. “Até amanhã se Deus quiser. Se não chover eu volto pra te ver. Oh, mulher! De ti gosto mais que outra qualquer. Não vou por gosto. O destino é quem quer”.
O que precisamos ter para chegar fortes, preparados no amanhã?
Andando de vagar ou apressado? Quer algumas dicas? Aqui em “Tocando em frente” (Almir Satter, Renato Teixeira), com Almir Satter, Cd de 2010. “Ando devagar porque já tive pressa. E levo esse sorriso porque já chorei demais. Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe. Só levo a certeza de que muito pouco sei. Eu nada sei. Conhecer as manhas e manhãs”.
Mais dicas na composição “Um dia após o outro” (Tiago Iorc), com Tiago Iorc, 2015. “Pra começar. Cada coisa em seu lugar. E nada como um dia após o outro. Por que apressar? Se não sabe onde chegar. Correr em vão se o caminho é longo”.
E nessa espera do que vai acontecer amanhã, aprender a nunca desistir. Como ensinam Renato Russo e Flávio Venturini, em “Mais uma vez”, lançada em 1987 com Renato Russo e 14 Bis no álbum Sete do 14 Bis. “Mas é claro que o sol vai voltar amanhã. Mais uma vez, eu sei… Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena. Acreditar no sonho que se tem. Ou que seus planos nunca vão dar certo. Ou que você nunca vai ser alguém”.
A mesma lição se repete em “Enquanto houver sol” (Sérgio de Brito Affonso), com Titãs, 2003, álbum Como estão vocês? “Quando não houver saída. Quando não houver mais solução. Ainda há de haver saída. Nenhuma ideia vale uma vida. Quando não houver esperança. Quando não restar nem ilusão. Ainda há de haver esperança. Em cada um de nós, algo de uma criança”.
NOTA: pesquisa hitórica, pesquisa musical e texto por Nando Cury
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