O CIO POR UM FIO
Ela é incrível. Atinge em altura até 10.000km. Sua cintura mede 40.075km. E carrega um corpão de 148.900.000 km2. Com todas essas medidas estravagantes ao nosso redor e bem em volta do nosso nariz, vamos andando sem notá-la, deixando que ela gire sozinha. Talvez seja pelo efeito da gravidade que nos remete diretamente para o chão, o solo, pra realidade que nos sustenta. Ou porque ela represente o nosso próprio centro horário-espacial, o país, o estado, a cidade natal, a nossa casa, o nosso quarto, nossa cadeira, nosso tênis…
CANTO: “Terra! Terra! Por mais distante. O errante navegante. Quem jamais te esqueceria.” (Terra, Caetano Veloso).
Mas ela é muito mais do que aquilo que nos apoia na expressão exata da palavra.
É a grande mãe geradora. É a transparência tropos feérica da camada de ar respirável que nos mantém vivos. Colchão multiplicativo dos organismos vegetais que gera os alimentos que comemos. Suporte aéreo dos algodões celestes que guardam e derramam as águas das chuvas. Grutas das montanhas que escondem os ventos, ciclones e rodamoinhos. Piscinas de fundo céu infinito onde os oceanos e os mares depositam suas águas.
CANTO “Água que nasce na fonte serena do mundo E que abre um profundo grotão…Terra, Planeta Água”. (Planeta Água, Guilherme Arantes)
De repente, no mato, alguém acende um pavio. De um recém descampado, ouve-se o grito de socorro de um bugio. Marinheiros deixam derramar óleo pesado de um navio. No meio da reserva, mais um garimpo clandestino polui mais um nativo rio.
MÚSICA DE FUNDO: Koyaanisqatsi (a vida fora de controle) (Philip Glass), com Philip Glass e presente no filme homônimo.
NARRADOR: “Localizado na Serra dos Carajás, Pará, Serra Pelada foi o maior garimpo do Brasil, extraindo mais de 45 toneladas de ouro. Passou de um morro sem vegetação de 150 m2 para uma cratera de 24milm2, com cerca de 80 de profundidade que abriga um lago de águas mortas e poluídas com mercúrio.”
Eis que mais algumas centenas de metros de matas virgens viram vazios.
Araras, tucanos e aves nativas em extinção são alvos de vis capturadores vadios.
Troncos de árvores raras brutalmente decepados rolam rio abaixo por mais um desvio.
Toneladas de peixes, pescados por redes em terras indígenas, sofrem mais um grande calafrio.
CANTO “Terra és o mais bonito dos planetas. Estão te maltratando por dinheiro”. (O Sal da Terra, Beto Guedes e Ronaldo Bastos), com Beto Guedes.
Mas nem tudo está perdido. Podemos ainda tentar reverter, no futuro, o processo devastador desnecessário.
Para poder deixar sobreviver, em seus habitats, as girafas, ursos, onças, pandas e dromedários.
Permitir de baleias a tartarugas o permanente e livre fecundar de seus ovários.
Que mágicas ajudas de energias renováveis e trabalhos sustentáveis restaurem este planeta lendário.
CANTO “Afagar a terra. Conhecer os desejos da terra. Cio da terra, a propícia estação. E fecundar o chão”. (O Cio da Terra, Milton Nascimento e Chico Buarque), com Milton Nascimento e Chico Buarque.
NOTA 1- Pesquisa histórica, musical, texto e voz por Nando Cury
NOTA 2- Esta crônica escrita complementa o episódio 110 do podcast do canal Semônica do podcastmais.com.br
NOTA 3 – Fontes, referências, citações (crônica e podcast)
Herdeiros do futuro (Toquinho), com Toquinho
Planeta Azul (Ademir, Xororó), com Chitãozinho e Xororó
Terra, (Caetano Veloso)., com Caetano Veloso.
Planeta Água (Guilherme Arantes), com Guilherme Arantes
Koyaanisqatsi (Philip Glass), com Philip Glass
O Sal da Terra, (Beto Guedes e Ronaldo Bastos), com Beto Guedes
Cio da Terra, (Milton Nascimento e Chico Buarque), com Toni Liutk e Nando Cury
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