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RITMOS DA CHUVA

Observo o despencar de mais uma chuva convectiva, conhecida por chuva de verão. Seus pingos pesados e retos, quando caem no chão, exalam um delicioso aroma de mato.

Chuva na praiaRápidas e passageiras, as chuvas convectivas chegam para abrandar o calor dos dias de verão tropical. Engordam os córregos, rios, lagos e represas. Nas cidades praianas agitam as marés e as águas invadem as praias e avenidas beira-mar. Fortes, densas, provocam enxurradas, alagamentos, desabamentos e inundações.


Pessoas correndo da chuvaImprevisíveis, molham os transeuntes desprecavidos. Atrapalham os movimentos dos veículos no trânsito. Fazem os bikers e motociclistas procurarem abrigo, embaixo de pontes, viadutos, coberturas de postos de combustíveis.

Refrescantes batucadas viram um tranquilizante natural. O barulho da chuva é uma maravilha para uma sesta da tarde ou para embalar, à noite, aquele ou aquela que é insone. Nos embalos dos elementos da chuva nascem temas para poetas e compositores.

Capa disco Demetrius“Olho para a chuva que não quer cessar. Nela vejo o meu amor. Esta chuva ingrata que não vai parar. Pra aliviar a minha dor. O ritmo dos pingos ao cair no chão só me deixa relembrar. Tomara que eu não fique a esperar em vão. Por ela que me faz chorar. Chuva traga o meu benzinho. Pois preciso de carinho. Diga a ela pra não me deixar triste assim.” Partes da letra de “Ritmo da Chuva”, uma versão de “Rhythm of the Rain”, de John Claude Gummoê, feita e cantada por Demétrius, que virou sucesso em 1965, nos tempos da Jovem Guarda.

Maysa cantoraGotas, nuvens, ruído, relâmpago e trovão levam sentimentos, promessas e pedidos para os enredos das canções. Como em “Chuvas de Verão” (1949) de Fernando Lobo, interpretada por Francisco Alves e Maysa.

“Chove Chuva” uma das canções que projetou Jorge Ben Jor, foi lançada no seu álbum Samba Esquema Novo, em 1963. “Medo da Chuva” de Raul Seixas em parceria com Paulo Coelho, presente no disco Gita, de 1974. “Eu perdi o meu medo, meu medo, meu medo da chuva. Pois a chuva voltando pra terra traz coisas do ar. Aprendi o segredo, segredo, segredo da vida. Vendo as pedras que choram sozinhas no mesmo lugar”.

Capa disco Hyldon“Na Rua, na Chuva, na Fazenda” de Hyldon (1975). “Não estou disposto a esquecer seu rosto de vez. E acho que é tão normal. Dizem que sou louco por eu ter um gosto assim. Gostar de quem não gosta de mim. Jogue suas mãos para o céu. E agradeça se acaso tiver. Alguém que você gostaria que.  Estivesse sempre com você. Na rua, na chuva, na fazenda. Ou numa casinha de sapê.”


Capa disco Gal ProfanaTem  “Deixa chover” de Guilherme Arantes, de 1981 e  “Chuva de Prata” de Ed Wilson e Ronaldo Bastos, cantada por Gal Costa no disco “Profana” de 1984.

“Chuva de prata que cai sem parar.Quase me mata de tanto esperar. Um beijo molhado de luz. Sela o nosso amor. Basta um pouquinho de mel prá adoçar.Deixa cair o seu véu sobre nós. Oh lua bonita no céu. Molha o nosso amor.”

Capa disco Lobão e os RonaldosOutra linda canção é “Me Chama”, composta por Lobão ainda com Lobão e Os Ronaldos, lançada também em 1984. “Chove lá fora.  E aqui ‘tá tanto frio
Me dá vontade de saber. Aonde está você? Me telefona. Me chama me chama
Me chama. Nem sempre se vê. Lágrima no escuro.”

Vale lembrar da famosa “Primeiros Erros” de Kiko Zambianchi de 1985 e de “Quando fui chuva” de Luís Kiari e Caio Só, gravada por Maria Gadú em 2010.

Capa disco Elis & TomAproveito para destacar especialmente a linda e descritiva “Chovendo na Roseira” de Tom Jobim, incluída no disco Tom & Elis de 1974. “Olha está chovendo na roseira. Que só da rosa, mas não cheira. O frescor das gotas úmidas. Que é de Paulinho, que é de Luiza, que é de João. Que é de ninguém”.


Capa disco Caetano VelosoMarcantes nesta época cheia de eventos, as chuvas de verão trazem à tona os memoráveis carnavais, lembrando nossos estandartes e alto falantes. Acalentando momentos de aventuras e paixões cobertas de fantasias, danças, abraços, beijos, bebidas, confetes e serpentinas. Invadindo, com aromas refrescantes, os salões dos foliões e as ruas onde os blocos se soltavam em cada cidade. Por isso não poderia faltar a faísca elétrica que emana de “Chuva, Suor e Cerveja”, de Caetano Veloso, lançada em 1971. E hino obrigatório de todo carnaval. “Não se perca de mim. Não se esqueça de mim. Não desapareça. Que a chuva tá caindo. E quando a chuva começa. Eu acabo perdendo a cabeça. Não saia do meu lado. Segure o meu pierrot molhado. E vamos embora ladeira abaixo. Acho que a chuva ajuda a gente a se ver. Venha, deixa, beija, seja o que Deus quiser.”

NOTA 1- Esta crônica escrita complementa o podcast do Episódio 27 do Canal Semônica, criação de NandoCury e produção do podcastmais.com.br

NOTA 2- Pesquisa histórica, pesquisa musical, texto, locução e canto no podcast por Nando Cury


 

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