TARDE DE SÁBADO NUM LUGAR MUITO ESPECIAL

A tarde de sábado se apresenta deslumbrante no outono de 2007. Sol brilhando, céu azul, vento batendo leve e fazendo um convite a passeios ao ar livre. Mas o programa familiar já está decidido. Às 15h, carro estacionado no shopping. Mãe, Pai e Filho subindo escadas rolantes em direção ao andar de uma conhecida loja. Fazem rápida parada para olhar a vitrine. Então, passos apressados loja adentro, rumo a um marcante mergulho no espaço encantado das histórias escritas e gravadas.

Livraria CulturaA Livraria é muito diferente das outras. Ocupa 3 000 metros quadrados de área. Abriga um auditório com 120 lugares, preparado para eventos. E é perfeitamente organizada setorialmente por tipos de livros (infanto-juvenis, literatura, interesse geral, didáticos, quadrinhos), cedeteca (setor de CDs), videoteca (setor de DVDs), jornais e revistas, mais itens de papelaria. Próximo aos balcões dos CDs nacionais está instalado um retângulo operacional de 6m por 3m, contornado por pranchas de madeira. Nele, disponibiliza fones de ouvido de ótima sonoridade, ligados a cd players, permitindo a degustação de álbuns. No fundo e em parte das laterais da loja, eleva-se um grande e elegante mezanino, com expositores das seções de importados. Antenada na redescoberta dos toca-discos, já oferece alguns exemplares de LPS, trazendo relançamentos em estéreo de clássicos dos anos 70. No piso principal funciona também uma boa Cafeteria. Embaixo das escadas, que levam ao mezanino, fica o local de embrulhar produtos para presente. Um cachorro da raça Golden se esparrama folgadamente sobre um tapete no outro canto da Livraria. A loja é pet friend.

Filho escolhe livros e se acomoda rapidamente num pufe da sala de leitura, em frente ao setor de infanto-juvenis. Na sala vizinha a professora, contadora de histórias, aguarda a chegada de mais crianças para iniciar nova sessão.

Mãe está montando sua coleção de filmes famosos. E sai para garimpar DVDs na recheada videoteca da Livraria. Por sorte, acha dois indicados no recente Oscar de 2007: Babel, com Brad Pitt e Cate Blanchett e o filme Little Miss Sunshine dirigido pelo casal de diretores Valerie Faris e Jonathan Dayton.

Pai pesquisa novos CDs nos balcões de cantoras internacionais. E segue em direção às cabines de áudio para uma imersão nas novas canções. Ao seu pedido, o atendente técnico vai trocando os CDs selecionados. Fica surpreso com o CD de uma cantora, que mostra que também é fera no contrabaixo acústico. A primeira música traz um belo arranjo e ótima interpretação de Ponta de Areia de Milton Nascimento e Fernando Brant. Ouve outras e pede ao atendente para separar o CD de Speranza Spalding. Nesse mesmo momento recebe um toque no braço. É Mãe convidando-o para um café saideiro.

Antes porém, vão juntos dar uma “olhada” no Filho. Lá está ele numa roda de leitores, dialogando com meninos e meninas de sua idade. Os espaços generosos, inclusivos e aconchegantes da Livraria acolhem e ligam pessoas de todas as gerações e interesses. Acomodadas em poltronas, almofadas, bancos, pufes, alí passam horas, lendo trechos de livros e no final levando os escolhidos para casa. O mesmo acontece com os que buscam músicas e filmes. E com aqueles que estão à procura de presentes inteligentes.

Chegando dois cafés e uma porção de pão de queijo pra Mãe e Pai. E o sol se põe pela janela envidraçada da Livraria, bem detrás da Cafeteria. Um espetáculo pouco percebido pelos que estão concentrados naquele rico mundo das histórias. Que tem cheiro de papel, café, plástico transparente, pão de queijo, tinta, cookie, palavras, novidades, imagens, passatempo, conhecimento…

Nota.: Este conto autobiográfico é uma homenagem às incríveis lojas da Livraria Cultura, em especial à do Shopping Villa Lobos, em Pinheiros, São Paulo (Abril 2000 – Fevereiro 2021).

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