ALGUMAS FORMAS DE MATAR A SEDE
SOCORRO. Qual é o tamanho da sede do ser humano que vive no solo árido, lá no sertão? Sonha com um oásis, imagina um poço artesiano, mentaliza um açude, a chegada da água que pode vir da transposição.
“Quando oiei a terra ardendo. Qual fogueira de São João. Eu preguntei a Deus do céu, uai. Por que tamanha judiação? Que braseiro, que fornaia. Nenhum pé de prantação. Por farta’ d’água perdi meu gado. Morreu de sede meu alazão. (Asa Branca – Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira – Gonzagão, 1947).
VERSATILIDADE. Se a sede não é apenas de água. Inunda as áreas da imaginação, alaga os túneis do pensamento. Muda de rumo. Extravasa, vira sonho de consumo.
“Bebida é água. Comida é pasto. Você tem sede de quê?… A gente não quer só comida. A gente quer bebida, diversão, balé… A gente não quer só dinheiro. A gente quer dinheiro e felicidade. “(Comida – Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto – Titãs, 1987)
PERSEVERANÇA. Destino ou acaso, qual o mote pra saciar um tipo comum de sede emocional. Se há perseverança o caminho deixa mais perto. O quando pode ouvir o chamado constante. E responder no próximo encontro.
“Eu corro atrás do perigo, vou onde dá pé. Num vôo sem parada, vou atrás de você… Onde vou parar. Não sei nem vou saber. Mas onde você for. Eu chego lá. Com sede de viver. A gente não se cansa de chamar por alguém.” (Sede de viver – Ritchie, Bernardo Vilhena, 2002).
ATENÇÃO. A planta vive com a água e nutrientes. Bem regada, bem adubada, nem muito, nem pouco. Cresce, floresce, frutifica. Na convivência diária a necessidade da retribuição permanente, que alimenta, mantém e renova os laços.
“Traga-me um copo d’água, tenho sede. E essa sede pode me matar. Minha garganta pede um pouco d’água. E os meus olhos pedem o teu olhar.” (Tenho sede -Dominguinhos, Anastácia – Gilberto Gil, 1976).
PAIXÃO. Necessidade pontual e passageira. Costume, conveniência. Assim como o efeito de um copo d´água que hidrata, alivia, sacia, espanta a necessidade.
“Na hora da sede você pensa em mim. Pois eu sou o seu copo d’água. Sou eu quem mata a sua sede. E dou alívio a sua mágoa. É sempre assim. Você foge de mim. Eu pra você só sirvo de água. (Na hora da sede – Luís Américo, Braguinha – Zélia Duncan, 2007).
Nota: Sugestão de tema e pesquisa musical por Toni Liutk
Imagem pinturas brasileiras
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