Brasilia
BRASÍLIA, EM HISTÓRIA E CANÇÕES

A primeira capital brasileira foi Salvador, entre 1549 e 1763. Época da Colônia, do ciclo da produção da cana de açúcar. Sucedeu-se o ciclo do ouro nas regiões de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. E para melhor controlar a extração e envio do metal para Portugal, a Coroa transferiu a capital do Brasil para o Rio de Janeiro, onde ficou de 1763 a 1960.

Documentos históricos comprovam que, desde a vinda de Dom João, em 1808, já existia o desejo de uma capital do governo planejada, no Planalto Central. Em 1823, após a Independência, o ministro e deputado José Bonifácio de Andrada e Silva (SP) propôs em Assembleia Constituinte a mudança da capital para o interior do País e a sugestão de nome era Brasília.

BrasiliaMas a construção dessa nova cidade envolvia um grande orçamento, por isso sempre teve oposição e adiamentos. A ideia finalmente pode ser realizada, com a subida ao poder de um presidente arrojado. Foi o médico mineiro Juscelino Kubitscheck que levou em frente a mudança e construção da capital para o Planalto Central, alegando importantes razões estratégicas: a capital estaria mais protegida numa eventual guerra e serviria para incentivar a povoação de novas regiões do país. Com mandato para o período de 31/1/56 a 31/01/61, Juscelino Kubitscheck levou muito a sério o seu slogan: 50 anos em 5. E, teve o apoio de dois personagens fantásticos: o urbanista Lúcio Costa, que ganhou o concurso de projeto urbanístico do plano piloto e de seu aluno, o arquiteto Oscar Niemeyer, que projetou os mais importantes edifícios da capital, como o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal, o Palácio da Alvorada, o Palácio do Itamarati, Teatro Nacional, a Catedral Metropolitana e, posteriormente, o Memorial JK Em 1987, o conjunto urbanístico-arquitetônico de Brasília foi reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade.

Oscar Niemeyer é lembrado na canção “Linha do Equador, parceria de Djavan e Caetano Veloso.” Luz das estrelas. Laço do infinito. Gosto tanto dela assim… Esse imenso, desmedido amor. Vai além de seja o que for. Passa mais além do Céu de Brasília. Traço do arquiteto…”.

O Projeto Piloto de Brasília, pelas mãos de Lúcio Costa, foi desenhado a partir de um cruzamento de duas vias, ou eixos, que ligam pontos cardeais extremos. O denominado Eixão é a via que liga o Plano Piloto de Norte a Sul. Em torno dele se organizam as superquadras residenciais de Brasília. A banda Legião Urbana gravou a canção “Travessia do Eixão”, de Nicolas Behr e Nonato Veras. “Nossa Senhora do Cerrado. Protetora dos pedestres. Que atravessam o Eixão. Às seis horas da tarde. Fazei com que eu chegue são e salvo. Na casa de Noélia”.

Em 1960, a convite do então Presidente Juscelino Kubitschek, o poeta Vinícius de Moraes e o maestro Antonio Carlos Jobim foram até Brasilia para criar um poema sinfônico em homenagem à nova capital do país, que foi inaugurada no dia 21 de abril desse ano. O resultado foi “Brasília, Sinfonia da Alvorada”. Outra bela música instrumental homenageia a capital federal. É “Suite Brasilia”, presente no álbum de 1998 do pianista, compositor e arranjador Renato Vasconcellos, que vive na capital desde o começo dos anos 70.

O horizonte da região apresenta incomparáveis belezas, destacando o tom de azul e belíssimos pores do sol. Essa exuberância natural é mencionada na canção “Céu de Brasília” de Toninho Horta e Fernando Brant, e presente no álbum Terra dos Pássaros de Toninho Hora.

Catedral de BrasiliaBrasília tem também um lago artificial. O nome do Lago Paranoá é originário do tupi, unindo os termos paranã (“mar”) e kûá (“enseada”). Ele representa mesmo uma enseada gigante de 48 km2 de área e 80 km de perímetro. Sua criação visa aumentar a umidade relativa do ar na região do Planalto. Foi formado pelo represamento das águas do rio Paranoá para a construção da usina hidrelétrica que alimenta o Distrito Federal. Em baixo do lago, curiosamente, há uma cidade submersa a Vila Amaury, que abrigava cerca de 16 mil operários responsáveis pela construção de Brasília. Os elementos urbanísticos e as atrações da cidade, incluindo o Lago Paranoá são mencionados na canção “Brasília” de Sérgio Sampaio. “Quase que me sinto em casa em meio a suas asas. E “dáblius” e “eles” e eixos e ilhas, Brasília… Quero viver pra saber. E conhecer Brasília. Ver o que há, Paranoá. Lago de sol, noite, lua”.

O Cerrado representa a principal cobertura vegetal do Planalto Central e é o segundo maior bioma do país. Possui plantas típicas, como o araçazeiro, o pau-terra, o jacarandá, a mangabeira. Ele aparece na canção “Presente de um beija-flor” de Alexandre Carlo Cruz Pereira, gravada pela banda Natiruts. E em “Flor do Cerrado” de Caetano Veloso.” Todo fim de mundo é fim de nada é madrugada. E ninguém tem mesmo nada a perder. Eu quero ver, olho pra você, tudo vai nascer. Mas da próxima vez que eu for a Brasília. Eu trago uma flor do cerrado pra você”.

NOTA.: Pesquisa musical por Toni Liutk. Pesquisa histórica e texto: Nando Cury

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