CANÇÕES ORIGINAIS E SUAS VERSÕES: TILL THERE WAS YOU
Pesquisa histórica e musical, texto por Nando Cury.
Ouvi pela primeira vez a canção “Till there was you” na voz do Paul McCartney, tocando o disco “With the Beatles”, de 1963. Enquanto ouvia apostava ser composição deles. Mas, olhando no selo do LP, descobri que era do músico norte-americano Meredith Wilson.
Mais tarde, outro esclarecimento: a gravação dos Beatles não era a gravação original da canção. “Till there was you” foi apresentada por George a Paul e fez parte do repertório do show ao vivo dos Beatles no Star Club em Hamburgo, em 1962. Assim, no ano seguinte, entrou direto para o disco “With the Beatles” da Parlophone.
Agora vamos voltar no tempo e conhecer a história da canção original. O maestro, arranjador, compositor, flautista e escritor norte-americano Meredith Willson tinha uma orquestra em 1950, quando escreveu a canção “Till I met you”, gravada pela Decca em 78 RPM, cantada por Eileen Wilson com a Meredith Wilson and His Orchestra.
Em1957, Meredith alterou algumas frases de “Till I Met you” que mudou de nome para “Till there was you” e foi parar na trilha da peça musical roteirizada pelo próprio Meredith. Era a comédia familiar romântica “The Music Man”, de 1957, que virou um grande sucesso da Broadway. Antes do início da temporada da peça, a Broadway produziu alguns exemplares promocionais da canção “Till there was yoy”, na interpretação da vocalista de apenas 17 anos Sue Raney e Sua Orquestra.
Depois, em 1959, Anita Bryant gravou um single com “Till there was you” que atingiu a 30ª posição do ranking da Billboard Hot 100. Em 1960, Peggy Lee incluiu “Till There Was You”, com uma levada de rumba, em seu álbum “Latin ala Lee!”
Dois anos depois, em 1962, a peça “The Music Man” virou filme da Warner Bros., protagonizado por Robert Preston e Shirley Jones.
No Brasil o filme recebeu o nome de “O vendedor de ilusões”. Harold Hill, vivido por Robert Preston, é um vendedor que foge de suas dívidas. Assim que chega à cidade de River City, bola um plano para poder pagar o que deve. Se faz passar por um professor, é admitido por uma escola e lá convence os pais dos alunos a comprarem instrumentos e uniformes para formarem uma banda. A ideia inicial de Harold era pegar o dinheiro e sumir da cidade No entanto, “o professor” sente-se envolvido e afeiçoado aos garotos, às músicas da banda, à comunidade…. E, no final, se apaixona por Marian Paroo, a bibliotecária e professora de piano da escola. O “Vendedor de Ilusões” é, enfim, um filme sobre o poder que a música tem de mudar as pessoas.
A canção “Till there was you” foi cantada pela personagem Marian Paroo, interpretada pela atriz e soprano Shirley Jones. E acontece no momento mais esperado do filme, quando Marian faz uma declaração amorosa ao professor Harold. Shirley Jones demostra todo seu potencial vocal em tom lírico nessa versão, que é a décima sexta faixa do LP da trilha sonora de “The Music Man”, de 1962.
“There were bells on the hill. But I never heard them ringing. No, I never heard them at all. Till there was you. There were birds in the sky. But I never saw them winging. No, I never saw them at all. Till there was you. And there was music, And there were wonderful roses, They tell me. In sweet fragrant meadows of dawn, and dew. There was love all around. But I never heard it singing. No, I never heard it at all. Till there was you! There was love all around. But I never heard it singing. No I never heard it at all. Till there was you.”
Em 1965 “Till there was you” ganhou mais uma versão na gravação de Jerry Valle pela Columbia Records.
Mas a versão imperdível de “Till there was you” dos anos 60 tem a griffe da cantora Etta Jones. Está no lado A de seu compacto simples, em vinil de 33 RPM, pelo selo Prestige de 1961, que traz no lado B a música All The way.
“Till there was you” recebeu uma versão em português, em 1965, na época da Jovem Guarda, com letra de Waldir Santos. Foi denominada “Não há você” e gravada pelo conjunto Os Incríveis, no LP “Os Incríveis” da gravadora Continental.
Outra versão imperdível de “Till there was you” traz a personalidade de Ray Charles, que a incluiu em seu álbum “Come Live With Me” de 1974. Ray é acompanhado pelo clássico coro de vozes e esbanja talento na voz e no órgão.
Em 1984, é lançada outra versão em português. “Till there was you” virou “Quando te vi”, com a letra de Ronaldo Bastos, sendo a mais tocada do álbum “Viagem das Mãos” de Beto Guedes.
“Nem o Sol. Nem o mar. Nem o brilho das estrelas. Tudo isso não tem valor. Sem ter você. Sem você. Nem o som. Dá mais linda melodia. Nem os versos dessa canção irão valer. Nem o perfume d todas as rosas. É igual à doce presença do seu amor. O amor estava aqui. Mas eu nunca saberia. Do que um dia se revelou. Quando te vi.”
Vale destacar mais uma versão inesquecível e muito caprichada que envolve “Till there was you” na voz marcante de Laura Figy, no seu álbum Laura Figy “The lady wants to know” de 1994
Imagens:
Cabeçalho: Marian e Harold em O Vendedor de Ilusões
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