Homens sorrindo no sofá

HUMOR FAZ BEM

Navegaire agora não mais é preciso. Levar a vida com mais alegria é urgente. Vamos rir e relaxar relembrando algumas letras de músicas que associam ironia, irreverência e humor.

Rosto de mulher sorrindoHá canções que fazem críticas ao governo. Com Arnaud Rodrigues, em 1974, Chico Anísio cria um quadro irreverente para o seu Chico City, trazendo Baiano, que era o próprio Chico e Os Novos Caetanos, representados por Paulinho Cabeça de Poeta, vivido por Arnaud. Além da sátira bem humorada sobre uma época de hegemonia da música baiana – de onde se inspiram para o nome da dupla – levam protestos sobre a censura imposta pelo regime político e o milagre econômico. Baiano e Os Novos Caetanos deixam bons discos gravados e a música mais famosa é “Vo Bate pá tu” (Orlandivo, Arnaud Rodrigues) do álbum “Sangue de Cacto”. “Vou batê pá tú. Bate pá tú. Pá tú batê. Eu vou bate pá tú, pá tú. Bate pá tua patota.  Vô batê pá tú, batê pá tú… O caso é esse. Dizem que falam que não sei o que. Tá pá pintá ou tá pá acontecê. É papo de altas transações.”

Cutucadas jocosas sobre hábitos sociais e culturais são temas apropriados para o humor. Se em nosso vocabulário incorporamos muitas palavras do inglês e de outros idiomas estrangeiros, este é um ótimo tema para o “Samba do Approach” (Zeca Baleiro) que Baleiro canta com o xará Zeca Pagodinho, no álbum “Vô Imbolá” de 1999. “Venha provar meu brunch. Saiba que eu tenho approach. Na hora do lunch. Eu vou de ferryboat… Já fui fã do Jethro Tull. Hoje me amarro no Slash. Minha vida agora é cool. Meu passado é que foi trash.”

Certas canções carregam um humor singelo, como a que destaca a pronúncia alterada do português pelo italiano que mora no Brás, primeira região paulistana de chegada e moradia de imigrantes da velha bota. E pontua certas palavras na gostosa composição de Adoniran Barbosa “Tiro ao Álvaro”, que fica melhor combinando a voz de Adoniran com a interpretação marcante de Elis Regina. “De tanto leva frechada do teu olhar. Meu peito até parece sabe o quê? Táubua de tiro ao Álvaro. Não tem mais onde furar. Teu olhar mata mais do que bala de carabina. Que veneno estriquinina. Que peixeira de baiano. Teu olhar mata mais que atropelamento de automóver. Mata mais que bala de revórver”.

homen sorrindoO pastishe, através da imitação ou do agir de modo caricato em relação a outro cantor, compositor ou banda é a fórmula de fazer humor usada pelo Língua de Trapo, protagonizada por Laert Sarrumor. No segundo álbum “Como é bom ser punk”, de 1985, os interpretes da banda enveredam para a música caipira de raiz, arriscando acordes de viola e duetos na canção “Deusdéti” (Carlos Melo). “Se o nosso amor for logo, logo pras cucuia. A curpa é tua Deusdéti.  Enquanto eu falo o tempo todo em Che Guevara. Ocê freqüenta o “Tamatete”. Não pude, não pude… Não pude ir jantar com você no Maquesude.”

Tem também a canção que traz na letra uma história engraçada e agrega o samba com levada de breque. É a assinatura musical do inesquecível Moreira da Silva que fica conhecido como Kid Morengueira, interpretando um valente caubói na história da canção “O Rei do Gatilho” (Miguel Gustavo) em 1959. No mesmo disco há outra divertida história em “Acertei no milhar” (Wilson Batista e Geraldo Pereira). “- Etelvina – O que é, Morengueira? – Acertei no milhar. Ganhei 500 contos. Não vou mais trabalhar. Você dê toda a roupa velha aos pobres. E a mobília podemos quebrar. Isto é pra já, vamos quebrar.”

Mulher de vermelho sorrindoO humor pode vir ainda para “reverenciar” aquele ou aquele outro cidadão que tem nacionalidade x ou y. Como faz o Premê, que nasceu “Premeditando o breque”. E bebe a fonte de Moreira da Silva, na canção “Empada Molotov” (Augusto César Brunetti), do seu primeiro EP de 1980. “- Seu Manuel. – Diga lá ô consumidore. – Exijo o CGC do seu estabelecimento comercial. A semana passada eu comi uma empada que me fez mal. Um atentado à minha flora intestinal.” Mais um acerto cômico do Premê acontece em “A Marcha da Kombi” (Wandy Doratiotto), do LP de 1981. “Eu economizei. Mizei. Comprei, comprei, comprei uma Kombi 66. De um japoneis. Ela é ensinada. Ela é uma brasa. Corre à beça. E vai sozinha pro Ceasa.”

 

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