Marcos Valle

MARCOS VALLE: UMA BIOGRAFIA MUSICAL DOS ANOS 80 a 2020

Na crônica anterior trouxemos a biografia musical do pianista, arranjador e compositor Marcos Valle, destacando seus álbuns dos anos 60 e 70. Nesta crônica apresentamos suas criações, parcerias e interpretações dos anos 80 a 2020. EStas crônicas escritas são complementares aos respectivos podcasts homônimos.

Marcos ValleEm 1980 Marcos Valle retorna para o Brasil, que enfrenta um processo de redemocratização. O cantor tem o desejo de permanecer em sua cidade natal, o Rio de Janeiro. Está ansioso para conviver com os velhos amigos e participar da vida musical. Assim, em 1981 lança o LP “Vontade de rever você”, pela Som Livre, com composições próprias. O álbum traz as participações de: Sivuca no acordeom, Sérgio Dias e Robertinho de Recife nas guitarras, Luizão e Peter Cetera no baixo, José Roberto Bertrami (Azymuth) no piano Rhodes, Robertinho Silva na bateria, Airton Moreira na Percussão, entre outros. Destacam-se as canções: “Sei lá” (Laudir de Oliveira, Peter Cetera, Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle), e os funk souls “Pecados de amor “ (Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle) e “A Paraíba não é Chicago” (Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle, Laudir de Oliveira, Leon Ware e Peter Cetera), que tem levada de triângulo e acordeom de baião.

Marcos ValleEm 1983, Marcos Valle lança pela Som Livre, um disco que tem o boogie “Estrelar” (Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle, Leon Ware). A canção torna o cantor um pop star, líder da moçada antenada na malhação, integrantes da geração saúde. A coprodução e os arranjos do álbum são do genial Lincoln Olivetti. Contém os funks “Fogo de sol” (Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle), “Tapa no real” (Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle) e “Dia D” (Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle, Leon Ware). E vem ainda com duas versões incríveis de “Samba de Verão” e de “Viola Enluarada”, com a gaita harmônica de Maurício Einhorn. É tão legal que foi remasterizado e reeditado na Europa em CD, cassette e LP na tradicional cor preta do vinil e verde e rosa, pelo selo Mr. Bongo.

Marcos ValleMas, a onda musical e atlética de Marcos Valle não para em Estrelar. Em 1984, lança um compacto simples pela Som Livre, contendo, no lado A, a canção “Bicicleta” e no lado B “Beta Menina”, ambas compostas por Marcos e Paulo Sérgio Valle. Os arranjos são de Marcos Valle e Lincoln Olivetti. “Bicicleta” é lançada no Fantástico da Globo como música para dançar e malhar. Traz um vídeo clip no qual Marcos aparece pedalando numa estrada, ladeado por uma turma de bikers. E vira mais um sucesso do cantor.

O tema redemocratização está presente no novo álbum que sai em 1986. E, de um jeito muito especial, aparece na música “Tempo da gente” (Ary Carvalho, Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle), que batiza o LP. O repertório inclui, também, momentos românticos com “Ah, você mulher” (Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle), “Vôo no tempo” (Marcos e Paulo Sérgio Valle) e “No início” (Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle).

A partir de 1990, as músicas de Marcos Valle são ouvidas com muita frequência nas pistas de dança de casas noturnas de Londres. E alcançam também grande sucesso em outros países da Europa e no Japão. Quando em 1995, Marcos Valle recebe o título de “Homem do Momento”, pela revista inglesa “Straight no chased”, automaticamente seus discos, como “The essential Marcos Valle”, “The essential Marcos Valle 2”, “O compositor e o cantor” e “Vontade de rever você” passam a ser lançados nos mercados europeu e japonês.

Em 1998, Marcos grava para o selo londrino Far Out Recordings o CD “Nova Bossa Nova”. Este é mais um disco autoral onde predominam temas instrumentais, como “Novo Visual” e “Bahia Blue”. Nas que contém letras, destacam-se “Mushi Mushi” (Saudade do Japão), uma homenagem do cantor ao país asiático que havia acabado de visitar e “Cidade Aberta” (Open City) (Marcos Valle,Paulo Sérgio Valle) com os vocais da cantora Patrícia Alvi, que torna-se esposa de Marcos Valle no ano seguinte..

Marcos ValleO álbum “Escape”, de 2001, outra obra realizada na Far Out Recordings, apresenta repertório instrumental e cantado, com arranjos de Marcos Valle. A bateria de Wilson das Neves, o baixo fanqueado de Sérgio Malheiros e a flauta de Renato Franco brilham em “em Poweride” e “Fundo Falso” canção que leva também um solo de uma escaleta melódica. Nas composições cantadas se sobressaem: “Maria Mariana” de Marcos Valle, “O índio é o Brasil” em parceria com Marcos Valle e Vinicius Cantuária e “Realidade” (Reality) de Marcos Valle.

O álbum “Contrasts”, de 2003 tem alto astral. Traz coautorias com Ronaldo Bastos. em “My nighttingale” (Meu rouxinol) e em “Disfarça e Vem”, apresentando Marcos ao violão numa levada joãobosquiana. Inclui ainda “Que que tem” (Marcos Valle), nas vozes de Marcos e Patrícia Alvi. Imperdíveis são: “Besteiras de amor” e “Valeu” da parceria de Marcos Valle e Joyce Moreno, e “Passatempo” de Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle.

O CD todo instrumental “Jet-Samba” de Marcos Valle, lançado em 2005, a exceção da música título, contém regravações de canções do cantor. Está presente no playlist a bela versão da trilha de abertura de “Selva de Pedra” da Globo, composta por Marcos e Paulo Sérgio Valle, e lançada originalmente nos anos 70. Em 2006, Jet-Samba é eleito o Melhor Disco Instrumental no Prêmio TIM de Música.

Marcos ValleEm 2009, Marcos se alia ao cantor e compositor Celso Fonseca para produzir e lançar o CD “Página Central” com 12 inéditas parcerias. O álbum traz a participação especial do Grupo Azymuth, de Jacques Morelembaun e de Patrícia Alvi. Imprescindíveis sâo: “Curvas do tempo”, “Azul cristal”, “Pra tocar assim” e “No balanço do meu samba”.

O álbum Estática, de 2010, apresenta duas composições “Vamos sambar” e Esphera” de Marcos Valle em parceria com Marcelo Camelo. Tem ainda o “Baião Maracatú” de Marcos e Ronaldo Bastos e “Papo de Maluco” de Marcos e Joyce Moreno.

Comemorando os seus 50 anos de carreira, em 2013 Marcos Valle lança o CD “Marcos Valle & Stacey Kent Ao Vivo”. Trata-se de um álbum muito caprichado. Tanto pela escolha das 14 músicas, quanto por somar a original suavidade e intensidade da voz de Stacey Kent à personalíssima voz e refinada performance instrumental de Marcos Valle. A produção é assinada por Marcos, pelo músico Jim Tomilinson, marido de Stacey e por Patrícia Alvi esposa de Marcos Valle. Marcos ValleE a banda além de Marcos ao piano e da participação especial de Tomilinson no sax tenor, traz Luiz Brasil ao violão, Renato Calmon Massa na bateria, Alberto Continentino no contrabaixo, Aldivas Ayres no trombone, Jessé Sadoc do Nascimento no trompete e Marcelo Martins na flauta e sax. Os arranjos são de Marcos Valle e Jessé Sadoc do Nascimento. Como canções imperdíveis afloram: “So Nice, Samba de Verão” (Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle), “The face I love” (Seu encanto), “Look Who´s mine” (Dia da vitória) (Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle), “Drift Away” de Marcos Valle e Peter Hall.

No álbum “Sempre”, lançado em 2019, Marcos opta por músicas de sua autoria e predominantemente no ritmo funk dance. Apesar de trazerem letras simples, que remetem ao tema rotina, vale conferir: “Minha romã, “É você” e “Vou amanhã saber”. Além da dançante “Aviso aos Navegantes”, de Lulu Santos.

Para o álbum Cinzento de 2020, Marcos busca canções inéditas, em parceria com outros cantores. Apresenta “Se Proteja” com Bem Gil, ”Redescobrir” com Moreno Veloso, ”Rastros raros” com Zélia Duncan, “Lugares distantes” com Kassin, “Só penso em jazz”, com Jorge Versillo, “Nada existe” com o irmão Paulo Sérgio Valle. Destaque para as letras reflexivas de ”Reciclo” e “Cinzento” compostas com Emicida, que são cantadas pelos dois.

 

Nota:
Outros álbuns de Marcos Valle: “Previsão do tempo” (1973); “ Um piano ao cair da tarde, Vol.2” com Marcos Valle, Wagner Tiso, Manfredo Fest (1979); “Bossa entre amigos” com Marcos Valle, Wanda Sá e Roberto Menescal (2002); “Live in Montreal – Marcos Valle e Victor Biglione” (2003); “Bossa Nova ao Vivo” com Marcos Valle, Leny Andrade, Miéle, Os Cariocas, Roberto Menescal, Wanda Sá, Zimbo Trio (2005); “Conecta – Ao vivo no Cinemathèque” (2008); “Os Bossa Novas”, Marcos Valle, João Donato, Carlos Lyra e Roberto Menescal (2008); “Lost Sessions” (2011); “Marcos Valle & Stacey Kent at Birdland, NY” (2016); Marcos, Dori e Edu (2018); “Jazz is dead” com Marcos Valle, Adrian Young & Alis Shaheed Muhammad (2020).

Ouça também aversão em podcast com as músicas:

https://podcastmais.com.br/semonica/ep161-marcos-valle-uma-biografia-musical-dos-anos-80-a-2020/

 

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