BEATLES EM VERSÕES BRASILEIRAS

O lançamento das canções originais dos Beatles ocorreu no período entre 1962, com a chegada do compacto simples de Love me do e PS I love you, ambos da dupla Lennon & Mc Cartney e o ano de 1970, com o LP Let it be. Mas, as datas de lançamento dos discos da banda foram diferentes na Inglaterra, nos Estados Unidos e no Brasil.

Na década de 60 aconteceu em nosso país o movimento cultural e comportamental da Jovem Guarda. Na música, foi influenciado pelo rock and roll e o soul de cantores e bandas americanas e inglesas. Ficou ainda conhecido como o tempo do iê-iê-iê, expressão gerada a partir da frase yeah, yeah,yeah, trazida no refrão de She loves you, uma das primeiras músicas dos Beatles.

Inspirado nessa onda cultural, em 1965, surgiu o programa Jovem Guarda, na TV Record, comandado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderlea, que alavancou a carreira de muitos cantores, cantoras e bandas brasileiras. E, pode-se afirmar que muitos sucessos desses artistas foram através de versões de músicas dos Beatles.

Assim, iniciamos este playlist com o campeão de gravações de versões em português dos Beatles. É a banda Renato e Seus Blue Caps, que traz uma discografia com 13 gravações de versões dos Beatles, segundo a acadêmica Lucia Zanetti, autora do livro Renato Barros: um mito, uma lenda.

Capa disco Renato e seus blue capsAll my loving, de Lennon and Mc Cartney é do album With the Beatles de 1963. Ganhou a versão “Feche os olhos”, com letra de Carlos Imperial e Eduardo Araujo, e foi lançada por Renato e Seus Blue Caps, no LP Isto é Renato e Seus Blue Caps, de 1965. ”Feche os olhos e sinta um beijinho agora. De alguém que não vive sem você. Que não pensa e nem gosta de outra menina. E tem medo de lhe perder. Todo amor desse mundo parece querida. Que está dentro do meu coração. Por favor queridinha, divida comigo. Um pouco da minha paixão. Coisa linda, coisa que eu adoro. A gotinha de tudo que eu choro.”

You won´t see me, de Lennon and Mc Cartney, é do LP Rubber Soul de 1965. Recebeu a versão batizada de “Até o fim”, feita por Lilian Knap e lançada no LP Renato e Seus blue Caps de 1966. ”Você vai crescer. Então verá. Como é bom sofrer, sofrer e amar. Se eu não sou o seu bem. Porque és jovem pra mim. Eu te esperarei, até o fim. Até o fim.”

Outro sucesso da época da Jovem Guarda ficou registrado com Girl, de Lennon and Mc Cartney, também do disco Rubber Soul, de 1965. A versão virou “Meu bem”, de autoria de Ronnie Von e cantada por ele, em 1966. ”Se você quiser ouvir então a minha história. Sobre alguém a quem eu muito amei. Só direi que ela deixou sua imagem ilusória. No meu coração que eu fechei. Ah meu bem, meu bem.”

Mas, é fato que, em outras épocas, muitos cantores brasileiros famosos também incluíram versões de músicas dos Beatles em seus álbuns. Trazemos de uma forma cronológica, algumas versões especiais. Hey Jude de Lennon and McCartney é de 1968. Ganhou uma versão de Rossini Pinto para a interpretação de Kiko Zambianchi  no LP Teletemas Nacional 2 de 1979.”Hey Jude não fique assim. Sabe a vida, ainda é bela. Esqueça de tudo que aconteceu. Amanhã será um novo dia.”

Fool on the hill, composição de Lennon and McCartney, pertence ao LP Magical Mistery Tour, de 1967. Zé Ramalho criou a versão “Tolo na colina” para Amelinha incluir no seu disco Geração Nordeste, de 1980. “Dia após dia. Sentado no sol. No alto de uma colina. Um homem vive a pensar. Ninguém sabe o nome dele. Nem se importa com o que ele faz.”

Capa disco Ronnie VonLOC.: Do White Álbum dos Beatles, de 1968, veio Black Bird de Lennon and Mc Cartney. Em 1980 Carlos Rennó escreveu a versão batizada como “Melro”, que entrou no disco Piraretã, da cantora Tetê Espíndola. “Melro no escuro a cantarolar Abra essas asas pra voar Todo tempo Você aguardava esse momento pra subir Melro no escuro a cantarolar Abra esses olhos pra enxergar Todo tempo Você aguardava esse momento pra se abrir Melro, voe Melro, voe Dentro da luz do azul da noite”.

And I love her, de Lennon and Mc Cartney, faz parte do album A Hard Day´s Night de 1964. E Roberto Carlos fez uma versão “Eu te amo”, que aparece em seu LP de 1984. “Foi tanto o que eu te amei. E não sabia.  Que pouco a pouco eu, eu te perdia. Eu te amo. E aquele louco amor Inesquecível. Tirar do coração, é impossível. Eu te amo. Te amei demais. Enlouqueci. Brigas banais. Te perdi.”

When I´m 64, de Lennon e McCartney está no álbum Sargent Peppers, de 1967. A cantora Joyce, prevendo sua futura idade na chegada de uma nova década, criou a versão “Velhos no ano 2000”, presente no seu álbum “Saudade do futuro”, de 1985. “Quando este século se acabar. O que será de nós? Que há de dizer, o que se passará? Quantas águas hão de rolar. Nós dois mais gordos, quem sabe avós? Onde já se viu. Muitos felizes, depois das crises. No ano 2000.”

Yes it is, de Lennon and Mc Cartney, é a música lado B de um compacto simples, com Ticket to ride, lançado em 1965. Em 1986 recebeu a versão escrita por Zé Rodrix e Miguel Paiva, denominada “Demais”. E que na voz de Verônica Sabino fez parte da trilha da novela Selva de Pedra, da Rede Globo. “Foi um vento que passou. Que te trouxe. E te levou. Deixando no corpo. A marca do amor. Que ficou no ar Ilusão luar. A chuva que esse vento traz. Faz com que eu me lembre mais . De todos os sonhos. Que a gente sonhou. Planejou demais. Demais.”

Here, there and everywhere de Lennon and McCartney é um dos hits do album Revolver de 1966. O poeta e compositor Fausto Nilo criou a versão “Viver e Reviver”, que entrou no disco Lua de Mel como o diabo gosta, de 1987, da cantora Gal Costa.

Capa disco Lulu Santos“A vida é muito mais. Quando estou perto de você. E eu bem que tentei construir. Sonhos de paz vendo a relva crescer. Pobre de quem. Pensar que o amor morreu. É, hoje eu lembrei de você. Noutro caminho, tão longe daqui. Longe de mim. Eu sei o que você quer. Eu quero reviver. O que existe nas miragens. Que ninguém mais crê. A nossa viagem pelo céu de mel”.

Lulu Santos também gravou versões dos Beatles. Para Here Comes the sun de George Harrison de 1969, fez a letra de “Lá vem o sol”, faixa de destaque em seu LP O Último Romântico de 1991. ”Lá vem o sol. Lá vem o sol. Eu já sei. Tá legal. Minha linda. Foi um inverno tão comprido. Faz eras que você partiu. Lá vem o sol. Lá vem o sol e eu já sei. Tá legal. Minha linda. O riso retornando às bocas. Minha linda. Tem sido raramente assim.”

Raul Seixas, com Rauzito e os Panteras fez parte da Jovem Guarda. Lá nos anos 60 escreveu uma versão para a canção Lucy in the sky with Diamonds, de Lennon and Mc Cartney, que faz parte do LP Sargent Peppers, de 1967. Em 2001, Zé Ramalho em seu álbum “Zé Ramalho Canta Raul” incluiu a versão “Você ainda vai sonhar” criada pelo homenageado. ”Pense num dia com gosto de infância. Sem muita importância. Procure lembrar. Você por certo. Vai sentir saudades. Fechando os olhos verá. Doces meninas. Dançando ao luar. Outras canções de amor. Mil violinos. E um cheiro de flores no ar. Você ainda pode sonhar.”

Rita Lee escolheu o ano de 2001 pra lançar um caprichadíssimo CD para homenagear os Beatles. Denominado “Aqui, ali em qualquer lugar”, o álbum traz canções cantadas em inglês e 4 versões de sua autoria. A canção In my life, de Lennon and McCartney, que está no álbum Rubber Soul, de 1965, ganhou o nome de “Minha vida”. ”Tem lugares que me lembram. Minha vida. Por onde andei. As histórias, os caminhos. O destino que eu mudei. Cenas do meu filme em branco e preto. Que o vento levou. E o tempo traz. Entre todos os amores e amigos. De você, me lembro mais.”

Capa disco Rita LeeIf I fell, de Lennon and McCartney está no LP A Hard Day´s Night de 1964. No CD de Rita virou “Pra você eu digo sim”. “Se eu me apaixonar. Vê se não vai debochar. Da minha confusão. Uma vez me apaixonei. E não foi o que pensei. Estou só, desde então. Se eu me entregar, total. Meu medo é. Você pensar que eu. Sou superficial.”

Can´t buy me love, de Lennon and McCartney, do LP A Hard Day´s Night, de 1964, na versão de Rita, ganhou o nome de “Tudo por amor”. ”Compre o mundo inteiro, meu bem. Se isso lhe deixa feliz. Vá morar no estrangeiro, meu bem. Torrar os dólares do seu país. Você faz tudo por dinheiro. Eu faço tudo por amor. Tudo por amor.”

Nota 1. Crônica musical especialmente dedicada a todos os amigos, amigas e contemporâneos – nascidos na década de 50 – que conheceram melodias das canções dos Beatles, através de letras cantadas em português.

Nota 2. Sugestão de tema por Toni Liutk. Pesquisa histórica, musical e texto por Nando Cury.

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